17 setembro 2010

Taxa de mortes por câncer cai nas capitais brasileiras

A taxa de mortalidade por câncer nas capitais brasileiras caiu no período entre 1980 e 2004, aponta pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) publicada na revista da Associação Médica Brasileira. A redução foi de 4,6% entre homens e 10,5% entre mulheres, ao longo dos 25 anos estudados - o que faz dessa uma das mais longas séries históricas sobre mortalidade por câncer com dados nacionais e não regionais.

Em 1980, morriam 105 mulheres, em 100 mil habitantes, por câncer Em 2004, a taxa havia caído para 94 por 100 mil. Entre os homens, essa queda foi mais discreta - de 147,4 para 140,6 por 100 mil. O que mais contribuiu para a redução foi a queda da mortalidade por câncer de estômago, afirma o médico Luiz Augusto Marcondes Fonseca, pesquisador do Departamento de Medicina Preventiva, que dividiu a autoria do trabalho com os professores José Eluf-Neto e Victor Wunsch Filho. "Possivelmente está diminuindo a incidência (por câncer de estômago) e isso ocorre em boa parte do mundo. Câncer é doença de longa produção, então, o que se pensa é que a qualidade da comida está melhorando.

Para preservar os alimentos, não se usa mais salgar ou defumar, pois produzem substâncias carcinogênicas, por que se tem a geladeira", afirma Fonseca. A mortalidade masculina caiu de 25 para 13 por 100 mil, e a feminina, de 12 para 6 por 100 mil habitantes. Por outro lado, houve aumento pequeno da taxa de mortalidade de mulheres por câncer de colo de útero e pulmão. Nos homens, subiu a mortalidade por câncer de próstata (de 12 para 18 por 100 mil).

"É correta a estratégia do Ministério da Saúde de focar campanhas que tratem da saúde do homem. Historicamente, sempre se teve programa de saúde infantil, materno-infantil, saúde da mulher. E o homem é quem menos se cuida." Os pesquisadores buscaram os dados brutos sobre óbitos no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).

Fizeram os cruzamentos das mortes por diversos tipos de câncer e, com a ajuda de cálculos matemáticos, isolaram a influência que o envelhecimento da população tem sobre essas mortes. "O dado bruto indica que aumentou a mortalidade por câncer. Mas a população está envelhecendo e o câncer, na maioria dos casos, é doença que mata, no mínimo, pessoas de meia idade e idosos.

Essas pessoas vão ter mais câncer, naturalmente. Mas se eu retirar a influência do envelhecimento na população, eu posso analisar se a incidência aumentou, se o número de casos se manteve ou se subiu. E posso especular sobre as possíveis causas do que ocorreu", explica Fonseca. Em 2002, já havia sido publicado trabalho semelhante, comparando a taxa de mortalidade por câncer no Brasil no período entre 1980 e 1995.

O estudo, que também apontava redução da taxa de mortalidade pela doença, foi alvo de críticas por conta da baixa qualidade dos dados a respeito de óbitos no Brasil nos anos de 1980 e 1990. Por essa razão, os pesquisadores se debruçaram, desta vez, somente sobre as informações registradas nas capitais "Os dados de mortalidade que se baseiam nas declarações de óbito são mais completos e mais fidedignos nas capitais, principalmente na década de 1980", afirma Fonseca.


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