28 abril 2011

A CRISE DOS HONORÁRIOS MÉDICOS

"A sua consciência é a medida da honestidade de seu egoísmo".

Não há dúvida de que esta é a pior crise vivida pela categoria médica brasileira. Crise de identidade, de conhecimento, das condições de trabalho, de salários e honorários, de respeito à dignidade profissional.

Porque isto está acontecendo?

A resposta começa pela formação acadêmica. São 181, as escolas médicas existentes em nosso país, formando anualmente 15.540 novos profissionais. Apenas 45% desse total conseguem ocupar as vagas em residências médicas. Não existem mais do que isto. Os 55% restantes registram seus diplomas e buscam trabalho apenas com os conhecimentos que conseguiram acumular durante o curso de seis anos. Necessitam ganhar para seu sustento e de sua família. O problema é que muitos terminam o curso, mas despreparados para o exercício da profissão.

Como agravante, o jovem médico ao iniciar o exercício da profissão encontra, desde logo, um mercado de trabalho saturado, concentração excessiva de médicos nas Capitais e grandes cidades, ausência de um plano atrativo de interiorização médica, salários e remuneração por serviços prestados absurdamente aviltantes. Assim, torna-se presa fácil dos intermediários lucrativos da saúde que hoje proliferam como coelhos.

Em termos de remuneração: o INAMPS/SUS, maior empregador do país, paga por uma consulta médica a bagatela de R$5,00 (cinco reais) trinta dias ou mais, após o mês de competência. Os Planos de Saúde por sua vez, usando uma tabela de 1992 vêm pagando por consulta em consultório, na melhor das hipóteses R$42,00(quarenta e dois reais), quitando a fatura vinte a trinta dias após sua apresentação. Ainda mais, todo o custo operacional fica por conta do profissional credenciado incluindo ai o ISS e Imposto de Renda. Um estudo contábil feito recentemente, deduzidas essas despesas, resta ao médico, exatamente R$5,33(cinco reais e trinta e três centavos)

No caso do INAMPS/SUS, é histórico, de muitos anos, sempre pela falta de recursos orçamentários ao Ministério da Saúde. Nos últimos cinco anos, um fortíssimo "lobby", faz com que, os planos de saúde e as medicinas de grupo, que deveriam ser melhor fiscalizados e controlados recebam o beneplácito da ANS engordando assim, seus lucros; as deficiências no atendimento e os prejuízos são socializados com os usuários e prestadores de serviços.

A persistir esta situação, os médicos que dependem dessas Instituições caminharão inexoravelmente para junto dos "bóias-frias" fazendo-lhes companhia na tristeza e desesperança, e dessa forma serão, muito em breve, "uma raça em extinção".



Antonio Celso Nunes Nassif

Doutor em Medicina pela UFPR. Foi Presidente da AMB (87 a 91)

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