"Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram, acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. . . " Essa é a "Oração ao Cadáver Desconhecido", escrito por Karel Rokitansky (1876), alertando sobre a utilização de cadáveres humanos como metodologia para estudo na área de saúde. Será que em pleno terceiro milênio é realmente necessário usar essa técnica tão difundida entre as Instituições de Ensino Superior? Evidentemente, há regras para utilizar esse tipo de metodologia. Porém, isso não deixa de levantar questionamentos sobre ética, direitos humanos e responsabilidade social.
Nesse quesito, a UnP novamente é pioneira em oferecer novas propostas metodológicas na área de Saúde. A Universidade está investindo cerca de R$ 15 milhões na Escola da Saúde trazendo tecnologias inovadoras para o ensino, que já começaram a ser implantadas, a exemplo do Laboratório de Estrutura e Função, com a utilização do "bodypainting" (Pintura Corporal). Esse método possibilita a simulação, em seres humanos, dos movimentos dos músculos e demais sistemas do corpo, recursos que eram limitados na manipulação de cadáveres.
O diretor do curso de Ciências Biológicas, prof. Carlos Moura, explica a diferença entre estudar com cadáveres e utilizar novos métodos. "O estudo com peças cadavéricas apresenta algumas limitações, como por exemplo: a fixação do formol altera algumas características das peças, como a coloração, a elasticidade do tecido e também a textura da peça. Trata-se de um estudo predominantemente topográfico, em que não se observa a anatomia em movimento. A anatomia tradicional sempre fez uso de cadáveres e atlas anatômico para a complementação do processo de aprendizagem desses temas. Na UnP, adquirimos réplicas precisas das peças anatômicas para o nosso laboratório de Estrutura e Função. As peças em resina complementam o atlas e nos permitem uma percepção tridimensional do material em estudo, aprimorando de forma importante o processo de aprendizagem dos conteúdos", declara o professor.
Hospital e UTI simulados com manequins robotizados serão outros instrumentos de ensino. Esses manequins e computadores com modernos softwares permitirão ao aluno realizar procedimentos virtuais, que simulam diversas funções do corpo humano, como respiração, batimentos cardíacos, inchaço e pulsação, além da própria dissecação.
Segundo a diretora da Escola da Saúde, profa. Giselle Gasparino, essa nova forma de ensinar causará impacto na comunidade. "A sociedade contará com profissionais bem preparados nas diferentes áreas do conhecimento, principalmente por contarem com recursos de simulação em sua formação acadêmica. Esses estudantes terão contato com patologias reais após uma exaustiva e contínua etapa de atividades simuladas, diminuindo a possibilidade de erro no atendimento a pacientes reais", afirma.
O professor Carlos Moura acrescenta que "Esses simuladores humanóides podem simular situações bastante reais como, por exemplo, ter uma parada cardíaca, um infarto e até mesmo ir ao óbito caso não recebam o tratamento adequado. Você pode até perguntar: mas para que isso é útil? Imagine nossos alunos podendo, durante a sua formação profissional, interagir com toda essa tecnologia antes de ser entregue ao mercado de trabalho. Simular as situações reais antes de enfrentá-las de verdade, capacita o aluno a cometer menos erros e atuar com maior segurança frente aos casos reais que precisem intervir".
Fonte: jornal UnP EM FOCO nº 225De 04 a 10 de outubro de 2010
1 comentários:
Tudo isso aí já existe no laboratório de práticas da UFCG de Cajazeiras.
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