19 agosto 2010

FILA LONGA NO POSTO DE SAÚDE

Pacientes madrugam em unidades para conseguir fichas. SMS diz que comportamento é "questão cultural"
Em Natal, posto de saúde é sinônimo de fila e espera. Quando a unidade de saúde tem médico, o problema fica ainda mais evidente. Para garantir atendimento, os natalenses têm procurado os postos de saúde cada vez mais cedo. O problema, na avaliação de diretores dos postos e da própria Secretaria Municipal de Saúde, é uma questão cultural. Na avaliação dos natalenses que dependem do sistema público de saúde, é uma questão de sobrevivência. Para a dona de casa Vânia Souza, 39, moradora do bairro Pajuçara, consegue ficha quem chega mais cedo. Nesta segunda-feira, ela chegou a Unidade de Saúde de Pajuçara, na Zona Norte de Natal, as 4h30, trazendo pelo braço o filho caçula Emerson, de 5 anos. "E já tinham umas 50 pessoas na minha frente".

O problema vivido pela dona de casa se repete em vários pontos da capital. A diferença é que a unidade que ela procura está com o quadro de médicos completo. A unidade, que antes atendia apenas urgência e emergência, conta com nove médicos, sendo seis clínicos gerais, dois pediatras e um ginecologista. Além disso, tem nutricionistas, enfermeiros e dentistas. Por dia, são entregues 20 fichas para cada médico. O horário de distribuição já foi alterado duas vezes. Antes, as fichas eram distribuídas as 7h. Depois, mudou para as 11h. A população ficou revoltada e as fichas passaram a ser distribuídas as 9h. Mesmo assim, tem gente que reclama. "Acabou de sair aqui da sala uma mulher dizendo que chegou às 4h e que as fichas deveriam ser entregues às 6h. Só que se fizermos isso, eles vão voltar a dormir na fila como dormiam antes de mudarmos o horário. Se mudarmos para as 7h, o pessoal começa a chegar as 19h do dia anterior", afirma Conceição Frazão, administradora da unidade de Pajuçara.

Além da população que dorme na fila para garantir atendimento, há aqueles que dormem para conseguir fichas e depois vender. "Já chamamos essa pessoa aqui, mas não adianta. Acho que essa prática existe em todas as unidades desaúde", relata a administradora. Além dos moradores de Pajuçara, a unidade atende também moradores de outros bairros da Zona Norte de Natal, como Redinha e Igapó. "Ficha aqui é um problema sério".

Autonomia
De acordo com a secretária-adjunta de Saúde de Natal, Elisama Batista, cada unidade tem autonomia para determinar o horário e o dia de distribuição de fichas. Na tentativa de evitar a formação de filas, a maioria dos postos trabalha num sistema de agendamento prévio. "A secretaria orienta que as unidades distribuam as fichas no dia anterior à consulta", explica. Casos de urgência são atendidos no mesmo dia. "As pessoas não precisam chegar tão cedo às unidades. O problema é que eles têm receio de não conseguir ficha, e por isso chegam cada vez mais cedo. Nós (da secretaria) vamos nos reunir com os gerentes dos distritos de saúde e diretores de postos para encontrar uma saída".


Fonte: DIÁRIO DE NATAL

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