19 maio 2011

País terá Plano Nacional de Educação Médica

O governo federal pretende ampliar em 120 mil o número de médicos formados no País até 2020. O objetivo é alcançar a taxa de 2,5 médicos por mil habitantes ante o índice atual de 1,73 profissional por mil pessoas. Os dados, obtidos com exclusividade, compõem as diretrizes do Plano Nacional de Educação Médica, que será lançado pelos ministérios da Educação e da Saúde em cerca de dois meses. O projeto - o primeiro a mapear uma carreira no Brasil - será estendido a outras profissões estratégicas para o desenvolvimento do País, como as engenharias.

Para atingir o índice, que se aproxima de países como Japão (2,1), Grã-Bretanha (2,3) e Argentina (2,7), está em estudo a criação de um estágio remunerado nos prontos-socorros federais, por um período de dois anos, logo após a conclusão do curso. O estágio teria valor semelhante ao das titulações acadêmicas, como mestrado e doutorado, e garantiria um bônus nas provas de residência médica em que o profissional concorrer.

Hoje, são formados cerca de 16 mil médicos por ano no País em 180 escolas médicas, segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM). O governo quer ampliar para 20 mil anuais, com perfil para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS).

O desafio, contudo, é equalizar a distribuição geográfica dos profissionais. É gritante a desproporção de médicos entre os Estados, dentro de cada região e entre a capital e o interior. Enquanto o Maranhão tem um médico para cada 2.066 pessoas, o Rio tem um para 306. Em São Paulo, o terceiro colocado no ranking, há um para cada 443. Na média, 70% dos profissionais se concentram nas capitais.

O plano também tem o desafio de equalizar a distribuição de vagas de graduação e residência, garantindo formação de qualidade em todo o País. "Não queremos um aumento indiscriminado de vagas", diz Milton Arruda Martins, coordenador do plano.

Hoje, a maior necessidade é a de clínicos gerais para trabalhar no SUS, segundo Antônio Celso Nunes Nassif, um dos membros da comissão de especialistas do MEC e autor do site Escolas Médicas. Estão em discussão a ampliação da oferta de bolsas de residência e de valorização do salário do médico do SUS.

O CFM vê o plano com ressalvas. Contrário à expansão das escolas médicas, o conselho critica a autorização "indiscriminada" à abertura de faculdades de Medicina. "Não trouxe nenhum benefício", diz Emanuel Fortes Silveira Cavalcanti, diretor do Departamento de Fiscalização do CFM. "O que resolve é plano de carreira, com remuneração digna e perspectivas (de ascensão) nas áreas mais remotas."


Fonte: JORNAL DA TARDE - O Estado de S.Paulo

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