A relação cintura-quadril, e não o índice de massa corporal, é a melhor medida de obesidade para avaliar o risco de um ataque cardíaco, segundo estudo publicado na revista The Lancet.
Foi publicado na revista The Lancet que a relação cintura-quadril é melhor que o índice de massa corporal (IMC) para prognóstico de risco de ataques cardíacos para vários grupos étnicos. Se a obesidade for redefinida segundo a relação cintura-quadril ao invés do uso do IMC, a proporção de pessoas com risco de um ataque cardíaco triplica, segundo dados do estudo Interheart.
Baseado no peso e na altura, o IMC não leva em consideração a localização da gordura do corpo, nem quanto de musculatura a pessoa possui, diz Arya Sharma, professor de medicina na McMaster University e co-autor do estudo. Um atleta e um sedentário poderiam apresentar IMC semelhantes.
O estudo Interheart, dirigido por Salim Yusuf da McMaster University em Hamilton, Ontario, contou com uma população de 27.098 pessoas de 52 países, entre elas, europeus, asiáticos, africanos e americanos, incluindo 12.461 que tinham sofrido ataque cardíaco prévio. Os pesquisadores avaliaram se outros marcadores de obesidade, principalmente a relação cintura-quadril, poderiam ser fatores prognósticos de relevância para ataques cardíacos comparados à medida convencional do IMC para diferentes grupos étnicos.
No novo estudo, o risco de um ataque cardíaco aumentou progressivamente uma vez que aumentava o índice de relação cintura-quadril. 20% das pessoas no estudo com os índices mais altos tiveram 2,5 vezes maior risco do que os 20% com os menores índices. Este achado sugere a redução na circunferência abdominal, aumento da musculatura do quadril ou a redistribuição de gorduras no organismo.
No geral, os dados encontrados pelos pesquisadores mostraram medidas de cintura com valor de 90% das medidas do quadril. Os melhores índices foram encontrados na China (88%), seguidos do Sudeste Asiático (89%), América do Norte (90%), África (92%), Oriente Médio (93%) e América do Sul (94%). Cinturas largas refletem a deposição de gordura abdominal e são perigosas, enquanto quadris largos, os quais podem indicar a quantidade de músculo nos membros inferiores, são um fator de proteção.
O estudo diz que os mecanismos de proteção ainda não estão claros. Os autores especulam que fatores hormonais possam influenciar na circunferência da cintura e do quadril, podendo apresentar diferenças importantes na composição de gordura nessas duas áreas. Quadris largos podem ser resultado de massa muscular. Se a dieta leva à perda de massa muscular, pode agir contra os benefícios da perda de peso, dizem os autores.
O Interheart mostrou que o risco da população atribuível à relação cintura-quadril é maior que o risco atribuível ao índice de massa corporal. Os resultados sugerem que as estimativas prévias sobre o efeito da obesidade como fator de risco cardiovascular foram demasiadamente baixas.
A relação cintura-quadril é calculada dividindo-se a medida da circunferência da cintura em centímetros pela medida da circunferência do quadril em centímetros. O índice de corte para risco cardiovascular é menor que 0,85 para mulheres e 0,90 para homens. Um número mais alto demonstra maior risco.
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