24 abril 2010

Casos levantam suspeita de surto de LEPTOSPIROSE

A chegada de quatro pacientes suspeitos de contaminação por leptospirose ao Hospital Giselda Trigueiro, vindos de Cruzeta, levantou a possibilidade de um surto da doença na cidade. Todos os pacientes são homens, agricultores e entraram em contato com uma “lagoa” na cidade. A Secretaria Municipal de Saúde de Cruzeta foi orientada, através da Secretaria Estadual, a interditar a “lagoa” até que análises mais aprofundadas sejam feitas. Dos quatro casos, dois foram confirmados laboratorialmente e um deles está em estado grave, na UTI do Giselda.

A leptospirose é uma doença transmitida pela urina de ratos. A suspeita é que a água dessa “lagoa” esteja contaminada pela urina dos roedores. Existe no açude da cidade, quando o nível da água fica baixo, a formação de várias “lagoas”. Como o nível do terreno é irregular, as partes mais baixas continuam cheias de água, enquanto que as mais altas transformam-se em grandes bolsões de terra. Segundo relato de dois dos contaminados, a região é repleta de ratos silvestres, onde recaem as suspeitas de contaminação.

Por conta da possibilidade, a Secretaria Municipal de Saúde irá pedir ao Ministério Público que pleiteie na Justiça a interdição do acesso às lagoas dentro do açude. “O açude é público, mas existem alguns arrendatários em determinadas áreas. Por isso, iremos pedir a participação do MP”, afirma a secretária de Saúde de Cruzeta, Virgínia Lélia. Até que amostras sejam analisadas, a Secretaria ficará responsável pela conscientização das pessoas que trabalham e moram perto das supostas áreas contaminadas. “Pelo que investigamos, a contaminação ficou restrita a essas quatro pessoas, porque, até agora, não há relatos de novos casos”, diz Virgínia. “Orientamos o município a interditar o local como medida de segurança, visto a quantidade de casos de Leptospirose. Estamos enviando uma equipe da Sesap ao local para acompanhar e supervisionar”, complementa Aline Rocha, subcoordenadora de Vigilância Ambiental da Sesap.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE conversou com dois dos contaminados pela doença no Hospital Giselda Trigueiro. Segundo José Pereira Neto, de 52 anos, e Francisco de Assis Silva, de 34 anos, não houve qualquer trabalho de conscientização da Prefeitura antes do aparecimento dos casos de leptospirose em Cruzeta. “Eu sempre trabalhava por ali, em contato com aquela água. Até que um dia comecei a sentir febre e dor de cabeça e a vomitar. Pensei que fosse dengue, mas o médico me mandou para cá dizendo que era essa doença do rato”, diz José Pereira Neto. “Rato lá tem em todo canto. Nunca vi ninguém dizendo que podia ficar doente por isso”, complementa Francisco de Assis Silva.

Segundo o diretor médico do Hospital Giselda Trigueiro, Carlos Mosca, o número de contaminados por leptospirose costuma aumentar no período chuvoso. Em 2010, foram três casos até março e os quatro de Cruzeta desde abril. No ano passado, houve 20 casos de contaminação por leptospirose, sendo que 13 deles concentrados nos três meses mais chuvosos do ano (maio, junho e julho).

O único contaminado pela doença em estado grave não tem previsão para sair da UTI. A leptospirose evolui naturalmente para insuficiência renal e pneumonia, de acordo com o diretor médico do Giselda Trigueiro.


Fonte: TRIBUNA DO NORTE

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