16 março 2010

Natal tem surto de Toxoplasmose

Especialistas investigam caso raro: associação entre a doença e miocardite aguda, que já tem 11 casos notificados em 2010, fato destacado como “curioso”.
A maioria das pessoas – entre 60% e 70% – terá a doença do gato, toxoplasmose (causada pelo protozoário Toxoplasma gondii), durante a juventude sem diagnosticá-la. Mas em Natal, o número de casos cresceu significativamente desde o início deste ano: a ponto de gerar preocupação entre a comunidade médica. Além disso, ela pode estar se manifestando com características consideradas raras.

Paralelo ao surto, foi verificado também um aumento do número de casos de miocardite aguda (inflamação da camada muscular grossa da parede do coração) em jovens entre 15 e 36 anos, o que leva os médicos a crer em uma relação entre as doenças, provocando a criação de uma comissão formada pelas secretarias estadual e municipal de Saúde Pública.

A equipe investiga os casos das duas enfermidades em três etapas, de acordo com o professor de Infectologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Cléber Giovanni. “A equipe do governo averigua as fontes de contaminação e a Universidade, o tipo de parasita, porque pode ter sofrido alguma mutação”, disse o infectologista.

Segundo a diretora do departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Cristiana Souto, foram notificados 11 casos de miocardite em jovens só em 2010, fato destacado como “curioso”.

“De início, surgiu a hipótese de as doenças estarem associadas ao açaí, porque quatro dos 11 doentes tinham comido o alimento, mas essa possibilidade foi descartada. O açaí é pasteurizado e o protozoário Toxoma não resistiria à temperatura ao qual submetem a fruta”, explicou.

A representante da Secretaria de Saúde disse ainda que todos os laboratórios de análises clínicas da cidade irão enviar relatório com número de casos e áreas onde vivem os infectados pela doença.

De acordo com a infectologista Marise Reis, a toxoplasmose “é transmitida por quaisquer alimentos crus contaminados” pelos cistos do protozoário, presentes nas fezes de alguns animais.

O principal transmissor é o gato (hospedeiro final). Há também a transmissão intra-uterina, quando a gestante contamina o feto: a toxoplasmose congênita; caso preocupante.

“Um homem jovem tendo toxoplasmose fica bem, mas em uma mulher grávida é bastante séria a doença, porque pode transmitir para o feto”, disse Cléber Giovanni.

Marise Reis complementa: “Em sua forma mais comum, a doença causa febre, dor de cabeça e surgimento de gânglios. Pode também crescer um pouco o fígado ou o baço. Na forma aguda, pode vir acompanhada de pneumonia e miocardite”.

Segundo ela, a congênita – quando não mata o feto - pode provocar deformações ou se manifestar no indivíduo após o nascimento, geralmente nos olhos. Quando a infecção aparece no cérebro, pode ser um indício da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Nestes casos, o tratamento deve ser realizado.


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